Mudar-se e residir em outro país é uma jornada marcada por desafios, expectativas, descobertas, possibilidades, limitações e diversas ambivalências.
As mudanças do ambiente externo, clima, cultura, idioma ressoam psicologicamente, alterando a forma como uma pessoa, agora imigrante, vivencia, age, pensa e sente.
Pontuarei nesse texto três dificuldades enfrentadas por brasileiros no exterior que causam impacto psicológico e, em alguns casos, adoecimento.
Se você está morando fora do seu país de origem, ou deseja fazer isso, esse post tem pontos de atenção valiosos!
– dificuldades com o idioma:
Viver em um país com uma língua completamente diferente da que foi habituado é um desafio comunicacional e cognitivo. Se isso acontecer quando o novo idioma não foi dominado, é possível que você se sinta mais isolado, mais incapaz, mais dependente de outras pessoas e menos compreendido.
A longo prazo, esses sentimentos podem provocar uma diminuição da percepção do seu próprio valor (a auto-estima), a dificuldade de engajar-se em tarefas desafiadoras (diminuição da autoeficácia), desesperança quanto ao futuro, ansiedade e depressão.
– não – adaptação cultural
Cada cultura é um universo, com as suas próprias regras, valores e condutas esperadas. Quanto maior a diferença entre a cultura de origem e a do novo local, maior pode ser a sensação de ser um peixe fora d’água, causando desconforto e uma sensação de alienação.
Alguns pacientes relatam o aumento da auto vigilância, como ferramenta para não ser estranho, consequentemente aumentando o custo das interações sociais (ou seja, fica menos recompensador e mais difícil desejar estar em contextos com pessoas).
É importante estar preparado e permitir-se ser persistente e gentil com as tentativas realizadas, para não aumentar a ansiedade e isolamento.
– perda dos papeis exercidos no Brasil
Algumas pessoas abandonam as suas carreiras em troca de melhores (ou em busca de) oportunidades no exterior.
Apesar da compreensão racional dessa motivação, é difícil não sentir falta das recompensas que suas profissões ofereciam no Brasil. Isso é exacerbado quando, para subsistir em outro país, aceitam-se empregos com menor exigência técnica do que a que pessoa possui (os chamados subempregos).
Em situações como essa, sentimentos de ter desperdiçado tempo, de sub valorização, de perda de objetivos podem evocar raiva e arrependimento sobre as escolhas realizadas.
Como lidar com isso? Abordaremos diferentes contextos e possibilidades em textos posteriores.
Lembre-se de que o caminho da imigração não é apenas uma mudança geográfica, mas uma jornada emocional e de transformação!