Nosso cérebro não evita coisas boas. Ele é programado para buscar recompensas, preferencialmente rápidas, e evitar o que é aversivo. Assim, toda vez que evitamos ou fugimos de algo, é porque identificamos alguma dificuldade nisso!
O mesmo princípio se aplica à procrastinação. Quando procrastinamos, devemos investigar o que torna a tarefa aversiva, seja em relação a ela mesma, a nós mesmos, ou ao futuro.
Por que estamos procrastinando mais? Embora isso não seja um dado científico, é uma observação empírica baseada em meus pacientes e experiência. Muitos têm notado que no passado as coisas pareciam mais fáceis, e tinham menos dificuldade para se concentrar em atividades monótonas.
Ao explorarmos esse passado, a maioria menciona a Internet e o fácil acesso por meio do celular. E você, quanto tempo passou longe do celular na última semana?
Estamos constantemente acompanhados de música, vídeos, podcasts, audiolivros, realizando várias atividades simultaneamente. Mas, você pode me perguntar, não foi sempre assim? Antes, não cozinhávamos e cuidávamos dos filhos ao mesmo tempo? Não trabalhávamos enquanto atendíamos o telefone?
Sim, é verdade! No entanto, a quantidade e intensidade de estimulação mudaram. Não precisamos mais suportar atividades desagradáveis sem um pequeno alívio.
Isso é um problema? Não necessariamente, mas a frequência e intensidade com que fazemos isso podem ser.
Estamos treinando nosso cérebro a evitar desconforto, algo em que ele já é especialista. E isso está diretamente ligado à procrastinação. Por que não fazer depois? Por que não evitar que descubram que não somos tão bons quanto parecemos? Por que não tomar um café antes?
Escapar por alguns segundos, minutos ou mesmo dias pode parecer uma boa ideia para um cérebro acostumado com recompensas rápidas!